Paixão de pai e filho pelo futebol são tema da segunda entrevista da série #NossaBase do Palmas F.R.

Texto e foto: Izabela Martins

Milton Telles é funcionário público, mas a sua principal função é ser apoiador do Heitor. Sempre que sua agenda permite está à beira do gramado, seja em treinos ou jogos, acompanhando o desenvolvimento do filho,  que desde os 8 anos se aventura no mundo do futebol. Compondo as categorias de base do Palmas desde 2018, Heitor viveu a emoção de disputar a Série D em 2020 e trilha seus caminhos nas equipes de base, consolidando a sua carreira até o profissional.

Juntos, pai e filho contaram histórias sobre a trajetória, as emoções e os desafios e o que esperam do caminho de Heitor no futebol.

“Comecei a jogar aos 8 anos de idade. Cheguei ao Palmas em 2018 quando teve um teste no início da base eu fui aprovado. O momento mais emocionante foi a estreia no profissional da Série D, de todas as circunstâncias eu consegui estrear no primeiro jogo, foi muito bom, uma experiência inesquecível e deu pra desfrutar esse momento”, lembrou.

Paixão de pai para filho

Sempre que tem a oportunidade, Milton divide com Heitor e com os amigos as histórias da época em que era ele quem estava com a bola nos pés.

“Eu e meu irmão éramos apelidados de D4 e D8 na época que jogávamos. O D4 era um trator de esteira potente e forte: onde um derrubava o outro carregava para fora. Nosso futebol era muito grosseiro, hoje tem muita técnica, o Heitor tem mais habilidade. Não é fácil você estar ali fora, sendo além de pai, torcedor do Heitor. Sempre me dediquei, desde o início, até hoje à vida futebolística dele. Às vezes dá uma angústia, um sofrimento, que dá até vontade de entrar”, admitiu.

As aventuras de Milton com a bola e também a sua determinação em apoiar o filho, fizeram dele a inspiração de Heitor.

“Minha inspiração é sobretudo meu pai e minha família. Acho que o apoio da família é muito importante para a carreira de jogador”, contou.

Momentos Difíceis

Heitor conta que desde que iniciou a sua vida no futebol há quase dez anos, o momento mais difícil foi no último campeonato que disputou, uma vez que considera o seu desempenho abaixo do esperado.

“O momento mais difícil para mim foi nesse último estadual (Sub 20) que eu não consegui desempenhar um bom futebol na reta final do campeonato, mas eu sei quais foram os erros e trabalho para corrigir e melhorar”, explicou.

Já Milton afirma que uma fase que o filho enfrentou há cerca de 2 anos foi o período mais difícil, e ele chegou a temer que Heitor desistisse do futebol.

“O momento mais difícil foi entre os 15 e 16 anos, quando eu pensei que ele ia desistir. Foi um período de transformação total… física, mental, e teve um momento dele que saiu de Palmas e quando voltou, voltou diferente, pensei ‘ah vai desistir’. A superação dele nesse tempo que ficou fora de Palmas foi uma coisa muito legal, e a oportunidade que o Palmas deu na volta, foi fundamental”, lembrou.

Loucura e emoção

Além de acompanhar os jogos em Palmas, sempre que pode, Milton também vai a jogos nas cidades vizinhas. A maior loucura, no entanto, foi uma viagem improvisada para Alvorada, cidade a cerca de 350 km de Palmas. No entanto, foi nesse jogo em que viveu a sua maior emoção como torcedor número um de Heitor.

“Parece que foi predestinado. Essa de Alvorada a gente tinha planejado eu, a Karina (mãe do atleta Thyago Cunha) e outros colegas para ir. Chegamos no CT e deu tudo errado, ninguém ia mais. Eu e a Karina falamos: ‘E aí, vamos pra Alvorada, é longe né. Como que gente vai fazer?’, ‘depois a gente vê’. Então foi uma loucura que não tinha nada organizado, mas valeu a pena. A alegria maior foi o primeiro gol do Heitor, um gol de cabeça, inusitado, e a satisfação de ter filmado isso”, resumiu.

Próximos passos

Mesmo afastado dos gramados pela paralisação das atividades em virtude da pandemia, Heitor segue fazendo treinamentos individuais em casa e tem objetivos claros sobre o seu futuro no futebol.

“Agora com a pandemia está um pouco difícil, mas estamos fazendo o que dá, treinando separado. No futuro eu espero jogar novamente profissionalmente pelo Palmas”, declarou.

Com a experiência de ser pai e fã há tanto tempo, Milton fala sobre a importância de planejar os passos de um jovem atleta, sem deixar de lado a emoção.

“A vida do futebol é uma dedicação diária. É preciso muita organização e planejamento na adolescência. Heitor vai fazer agora 18 anos então o alicerce foi dado. Todo o processo de personalidade, de vivência, de desafios… o que digo é: pai, não desista do seu filho em momento algum. No momento que ele está com a cabeça baixa, vai lá dar um apoio… organiza, ajuda, porque não é fácil. E se vier outro gol, como o professor Paulo (Caroço, técnico) fala: ‘Vai ter churrasco’.”

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